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Carta de Van Gogh

Assinatura de Van Gogh numa carta, sem data(c. stembro de 1888)
As afirmações de Van Gogh relacionadas especificamente com suas ideias e teorias sobre arte não são numerosas, e em sua maioria muito simples e diretas. Ocorrem quase que exclusivamente durante um período muito breve, os primeiros poucos meses frutíferos e idílicos quando, tendo deixado Paris aos 35 anos, fixou-se em Arles para permanência que durou de fevereiro de 1888 até maio de 1889. Há várias razões pelas quais essas idéias e teorias apareceram em suas cartas, naquele momento específico e por um tempo tão curto.
Gozou em Arles, pela primeira vez em dois anos, a solidão de que tanto precisava, e que fora incapaz de conseguir em Paris, onde viveu com o irmão Theo e conheceu artistas nos estúdios e cafés de Montmarte. Seu elevado conceito moral do que significava ser artista, com raízes num espírito profundamente religioso, não lhe permitia tolerar por muito tempo a boêmia alegre da maioria dos seus colegas. Quando finalmente fixou seu estúdio na Casa Amarela de Arles, desligara-se das muitas personalidades e forças artísticas de Paris que tanto o haviam envenenado, e foi capaz, por fim, de considerar-se um artista independente. Agora dispunha de tempo e lazer para especular sobre muitas ideias e teorias de arte que ouvira, e que ele próprio discutira em Paris.
Vincente Van Gogh, Auto-retratos desenhados numa carta de marco de 1886
Desenho Vincente van Gogh, auto-retratos de uma carta de março de 1886.

Como vivia em Paris em íntimo contato pessoal com o irmão e os amigos artistas de Theo, não havia maior necessidade de anotar as várias ideias sobre a arte que lhe precorriam a mente. Assim, em Arles, descobriu um ambiente natural prefeitamente adequado à meditação sobre teorias discutidas em Paris.
As cartas escritas durante os primeiros meses de Arles, enquanto assimilava as influências dos movimentos artísticos parisienses ao seu estilo individual e forte, estão cheias de pensamentos dos seus amigos e de reflexões sobre a arte.
Ele se lançou na arte com toda a intensidade de um convertido em religião. Numa longa carta a Theo — um manifesto da sua vocação — fala de suas lutas:

Reflexões de Van Gogh para Theo, seu irmão

"Sou um homem de paixões, capaz de fazer coisas mais ou menos tolas, e delas dependente, e das quais mais ou menos me arrependo depois... deverei considerar-me um homem perigoso, incapaz de qualquer coisa?
... minha única preocupação é: como posso ser útil no mundo? Não poderei servir a algum propósito e ser de alguma utilidade?
E então sente-se um vazio onde deveria haver amizade e afeições sérias e fortes, e um desânimo terrível que corrói a propria energia moral, e o destino parece colocar uma barreira aos instintos de afeição, e uma sufocante onde de nojo nos envolve. Por quanto tempo, meu Deus?"

Trecho extraído de Teorias da Arte Moderna — H.B.CHIPP

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