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Paul Cézanne - O marco da Pintura Moderna

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"EU SOU O PRIMEIRO DE UMA NOVA ARTE"

Pós - Impressionismo


Nascimento 1839 - morte 1906
"Eu sou um marco", dizia um convicto Paul Cézanne, um dos pais da arte moderna. Tinha como objetivo converter, nos quadros que pintava, os objetos da natureza a três formas básicas: o cilindro, a esfera e o cone.

A afirmação de Paul Cézanne "Eu sou o primeiro de uma arte nova" ilustra bem o papel que desempenhou esse artista como um dos iniciadores da pintura moderna.
Cézanne abriu as portas da modernidade na pintura, sulcando o caminho para artistas posteriores.
Só não entende a Arte Moderna hoje, quem não quis aceitar sua evolução e teimam ainda em não vê-la, portanto, desconhecem a sua nova linguagem.
Aqui está Paul Cézanne abrindo caminhos representando esse marco, em tempo e em bom momento a começar por ele e depois por seus sucessores.

Cézanne pertencia a uma família tradicional e seu pai, banqueiro e autoritário, não aceitava a ideia do filho ser artista. Mas Cézanne tinha dificuldades para enfrentá-lo. Com o apoio de sua mãe, o pai acabou cedendo ao desejo do filho, que abandonou a faculdade de Direito e viajou a Paris, em 1861, para aperfeiçoar os estudos em pintura.

Traços resumidos para a abstração
Paul Cézanne entra no contexto de minha explanação sobre a arte moderna, pela importância de suas ideias de se fazer uma arte sólida por meio de uma construção livre, vinda do ato de criar.
Apesar de que sua nova arte tenha grande vestígio figurativo, na verdade Cézanne nunca se inclinou às representações realistas e às impressões fugazes exploradas pelos impressionistas. Teve sim sua fase figurativa, porém depois se distanciou em busca de novos caminhos, e passou a aplicar novas formas e técnicas para desenvolver seu conceito na arte.
Sua opção recaiu sempre sobre a análise estrutural da natureza, por meio de uma pintura que apela preferencialmente à mente e à consciência, e não à visão. Cézanne não se preocupou em registrar o aspecto passageiro de um momento provocado pela constante mudança da luz solar, o que ele buscava era o permanente, a estrutura íntima da natureza.

Desenvolveu um estilo de pintura incomum, aplicando as cores em camadas grossas na superfície da tela com uma espátula, técnica conhecida como empasto, (clique na imagem). Esse recurso criava um efeito de grande força e energia, causando enorme estranhamento à época em que começou a ser aplicada.
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Cézanne pós - Impressionismo

A expressão Pós-Impressionismo foi usada para designar a pintura que se desenvolveu de 1886, a partir da última exposição impressionista, até o surgimento do Cubismo, com Pablo Picasso e Georges Braque. Ela abrange pintores de tendências bem diversas, como Gauguim, Cézanne, Van Gogh e Seurat.

Embora vinculado ao impressionismo no princípio da carreira, sua obra posterior, marcada pela simplificação das formas e por uma nova concepção espacial, constituiu uma profunda renovação da arte pictórica e modelo para os artistas do Século 20.
Para Cézanne é preciso ler a natureza, ou seja, procurar a sua substância, depois a realização através de formas, cores e estrutura, e acima de tudo era preciso ser fiel à natureza, o que não significa , de forma alguma, reproduzir o que se vê, o que ele chama harmonia paralela à natureza. Veja fragmentos destes textos com Kátia Veloso aqui

Frequentou a Academia Suiça, na capital francesa, mas não conseguiu ser admitido na Escola de Belas Artes, pois julgam-as rebeldes e desajeitadas. Desapontado, retornou à terra natal para trabalhar com o pai que era banqueiro. Um ano depois, fez o caminho de volta decidido a se tornar pintor.
A partir de 1863, o pintor começa a preparar alguns quadros para as exposições do Salão Oficial de Paris. Mas não obtém sucesso. Todas elas são recusadas pelo júri, com exceção de um retrato, pintado em 1882.
Participou do "Salão dos Recusados" em 1863 juntamente com Jongkind, Whistler, Guillaumin, Fantin-Latour, Manet, Pisarro e outros, onde começa então a pintar quadros demoníacos e expressivos num estilo lançado e selvagem.
Este salão era para os artistas recusados pela Escola das Belas-Artes.
Cézanne era amigo íntimo do escritor Émile Zola escritor francês ( idealizador e principal expoente do naturalismo na literatura), mas rompeu relações com ele depois que este publicou o romance A Obra - no qual o personagem principal é um artista fracassado com pensamentos e personalidade que se assemelhavam aos de Cézanne. Esse episódio trouxe muita dor a Cézanne que sentiu-se magoado e ofendido.
No entanto não podemos desconsiderar o fato de Cézanne ter escolhido o crânio humano como tema de algumas de suas obras. Esta escolha ganha maior significado quando pensada a partir dos conflitos internos vividos pelo artista. A sua série de caveiras atua aqui como símbolo de suas angústias, tanto as existenciais quanto as inerentes ao ato de criação.
A rejeição da crítica e do público a seu trabalho agravou o retraimento de Cézanne, traço que perdurou em seu temperamento, e fez com que ele se afastasse progressivamente da técnica impressionista

Cézanne não se subordinava às leis da perspectiva. A sua concepção da composição era arquitetônica; segundo as suas próprias palavras, o seu estilo consistia em ver a natureza segundo as suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone. Este rigor geométrico, mais tarde, influenciaria novos artistas e seria responsável, em grande medida, pelo surgimento do cubismo.
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Ele pintou 80 vezes o monte Sainte-Victoire de sua amada Provence. Isso transformou-se em obsessão para Cézanne.

Revela-se entusiasta do estilo impressionista e deixa aflorar o desejo de conceber uma composição livre, sem a preocupação de representar as paisagens exatamente como ela é - buscava criar algo e não copiar algo.Com o passar do tempo, o artista deixa o ateliê para pintar "in loco", junto à natureza. Cézanne preocupava-se mais pela captação destas formas que pela representação do ambiente atmosférico. Cézanne não desejava dar a ilusão de bidimensionalidade para as telas, ele busca a construção.
Segundo Mikel Dufrene em seu livro "Arte é o que eu e Você chamamos de Arte" - a pintura figurativa, mais que representar, expressa. As telas de Cézanne não fotografam a montanha de Santa Vitória, mostram o montanhoso, deixam sentir certa mineralidade que, seguramente, é a essência da montanha.

Olhando a pintura de Cézanne, (clique para ampliar) é fácil compreender a enorme influência que ele exerceu sobre os artistas que nas primeiras décadas do século XX criaram a arte denominada Moderna
Esta paisagem foi primeiro dividida em «tramas», ou seja num certo número de retângulos, cada um deles desempenhando uma função na composição total, devido à ordenação dos pormenores e dos planos. Tem-se inicialmente a impressão de que estas composições inspiradas na natureza não têm nenhuma relação com a realidade, que são imaginárias.
Considerado o “Pai do Modernismo”, por ninguém menos que Picasso, ele e Brake, partem da dúvida de Cézanne e resolvem-na, em parte, criando o Cubismo.
Cézanne quis a luz que faz do objeto um sólido, e não a que o funde com a atmosfera, como os reflexos da água que tanto atraíam os impressionistas.
1906 - sua última tela

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Le Cabanon de Jourdan

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Vive principalmente em Aix, em 1887. Pinta com Renoir no Jas de Bouffan. Apresenta três quadros na exposição Les XX em Bruxelas, isso em 1890. No Verão, passa cinco meses com a sua família. No Outono, está outra vez em Aix. Sofre de diabetes. Primeira exposição individual em Dezembro de 1895, na casa do negociante de arte parisiense Ambroise Vollard. Pinta em 1896 na pedreira de Bibémus. Conhece o escritor Joachim Gasquet. A mãe de Cézanne morre em Outubro. A Nationalgalerie de Berlim compra um quadro de Cézanne. É a sua primeira tela num museu.
Trabalha em Aix, 1898, perto do Chateau Noir. Depois, outra vez fica um longo tempo em Paris. Em 1899, fica em Paris até o Outono e, depois, regressa a Aix onde ficará durante cinco anos quase sem interrupção. Venda do Jas de Bouffan.
Aluga uma pequena casa em Aix e contrata uma governanta. A mulher e o filho vivem, sobretudo em Paris.Uma nova exposição individual na Casa Vollard.

As suas telas atingem somas consideráveis.
6 meses antes de sua morte aos 77 anos de idade

Queixou-se na velhice, de que até sua geração estava contra ele, convicção fortalecida por uma longa série de obstáculos que, desde a juventude, havia limitado em quase todas as ocasiões o seu desejo de tornar-se um artista.
Foi sempre rejeitado pelos salões, negociantes de quadros e colecionadores. Ao mesmos tempo, seus amigos impressionistas se viam reconhecidos um por um, em 1880, aproximadamente, todos eles com exceção de Cézanne, tinham sido aceitos no salão oficial.
Se crises depressivas acompanharam Cézanne por toda sua vida, era unamimamente considerado, um homem tímido e difícil, mas foi sem dúvida a persistência, forte marca de sua personalidade, uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento de sua genialidade artística. Sua pintura, que costuma ser enquadrado entre os pós-impressionistas.

A partir de 1902 ele trabalha no atelier do caminho do Lauves onde jovens artistas como Emile Bernard vêem vê-lo. No dia 15 de outubro de 1906 Cézanne é pego de surpresa por uma tempestade quando pintava no exterior. Ele é levado pra casa e morre no dia 23 de outubro em consequência de uma pneumonia.
Estátua  de Paul Cézanne em Aux-en-Provence


Túmulo de Cézanne
Cimetière de Saint Pierre,Aix-en-Provence, França

Obrigada Paul Cézanne

14 comentários:

  1. Olá Elma, estava 'passeando' pelos corais dos recifes e resolví estendê-lo até os teus.Grata e agradável surpresa!Não saberia dizer de qual gostei mais,até porque, acho que se complementam.
    Que belo trabalho e que qualidade!A partir de hoje serei mais uma que te visitará. Gostei muito também do trabalho de Tossan.Um fotógrafo e tanto!Será também outro blog que visitarei sempre. Parabéns!

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  2. Que linda e IMPORTANTE aula de ARTE. Postagem memorável!

    Parabéns.

    Bjs

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  3. Que espaço fantástico!!! Como eu não vim aqui antes???

    Lindo e bem cuidado blog.

    JU

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  4. Olá Elma!
    Amei as aguarelas, são lindíssimas, juntamente com as palavras.
    Um quadro perfeito!
    Beijo
    Isabel

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  5. Às vezes a viagem pela blogosfera compensa, como foi o caso: tanto trabalho e talento pelo prazer de "mostrar"...aberto a diálogo de artes? Prazer na companhia.

    arlindo mota "A SEDA DAS PALAVRAS"

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  6. Olá, Elma
    Muito bacana seu espaço, gostei de vê-lo.
    Nítido o cuidado e carinho que vc. tem por ele.
    Parabéns
    Ps. gostei muito da música, muito legal

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  7. Olá Elma,

    Adoto o estilo impressionista e com afinidades, pela riqueza de cores e pela expressão difusa dos cortes do pibcél que dão espaço para pintar as nossas próprias ideias na tela do artista...

    Vim também agradecer o convite para o Ecological day e fiz uma gracinha com os recifes... lá no meu blog dos corais...

    Espero que gostes...

    Beijos
    Colibri
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    Os meus últimos sentires…
    Eis-me aqui: Eu não acreditava Nele!
    Colibrir as Emoções: A filha da onça…
    Traços de Angola: Parte 12 - Fotos do Lobito (Parte II)…
    Corais dos Recifes: Ecological Day…

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  8. Olá Elma,
    Quando quiseres podes pasar pelo meu blog está lá um miminho para ti
    Abraço
    Isabel

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  9. Encontrei esta página enquanto pesquisava para os meus alunos. Gostei de tudo inclusivé da música que acompanha este deleite. Obrigada.

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  10. Gosto muito de Cezane, sempre visito o seu blog.
    Sucesso!
    meu blog:artesroseli.blogspot.com

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  12. quem não tem mais nada para fazer pega numa tela e no pincel e faz rabiscos e já são considerados artistas.. este mundo anda perdido

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  13. Anônimo

    A arte não é exercida por quem não tem nada a fazer, pelo contrário, ela é uma das mais belas e altruístas expressões do ser humano, é algo que nasce do seu lado mais puro, é criação, e menosprezar a arte ou o artista é falta de sensibilidade.
    A arte atinge o lado sensível e desperta sentimentos nobres nas pessoas pela estética, beleza, harmonia, cores e toda arte contém uma mensagem.
    Ninguém vive sem a arte, ela está presente na alma de qualquer criatura, seja na pintura, na literatura, música e até na forma de viver. Sim, saber viver também é arte nos induz a sermos menos rudes, porque ela desperta sentimentos, emoção, anseios, prazer.

    Não é fácil ser um artista, além de ter o dom é preciso ir a luta sem economia de tempo, é preciso persistir por um bom tempo mesmo sem retorno em curto prazo, até que possa colher seus frutos é preciso percorrer uma longa jornada. Eu digo isso porque também sou artista, e crio e faço arte.
    Para se tornar um artista, convido-o a ler esta postagem que escrevi sobre a “O artista e a importância do desenho ”. Clique no link por favor.

    Um abraço

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