a crítica e lata de "arte"
"Este é um dos 90 recipientes que o artista italiano Piero Manzoni numerou e no qual pôs 30 gramas de suas fezes. O título da obra é singelo: “Artist’s Shit” (Merda de artista), grafado na latinhas em inglês, francês, italiano e alemão. Hoje cada lata está avaliada em 100 mil euros. A galeria Tate de Londres comprou uma em 2002 por 22mil e 300 libras com dinheiro público. O museu justificou a aquisição: “Manzonium foi um artista internacional incrivelmente importante"
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Fico a pensar no que vale as escolas de belas artes em dias de hoje diante dessa nova linha de pensamento que intitulam de arte conceitual, onde cada um monta ou joga ao chão restos de depósito de lixos e a denominam de "idéia", como se uma boa tela, escultura ou até mesmo uma inteligente instalação não fosse produto de idéias, criação, sentimento, harmonia , formas , experiência com a estética, inspiração, bom senso e etc...
Ou será que não estou marchando em sintonia com esse novo movimento com uma realidade de caminhos seguros para a verdadeira arte?
Não sou contra a arte conceitual, até aprecio muito aquelas em que são criadas por verdadeiros artistas e não aqueles que por preguiça mental se apegam as coisas ou objetos "encontrados" e acreditam que tiveram uma ideia inédita no ramo das artes. Será que estou desconectada com essa nova modalidade de manifestação artística, ou é apenas mais um dos movimentos para chamar à realidade, dar uma sacudida e exigir do artista mais criatividade e, o que virá após tudo isso? E há alguns que numa atitude de afronta que reflete sua sua própria incapacidade de criação colocam 30 gramas de suas fezes em latinhas e as consegue vender. (Muitas latas explodiram, resultado de corrosão e de gases em expansão), assim como outros que demonstram que a verdadeira arte está na sua capacidade de transformá-la em cifras, nem que seja um animal morto mergulhado em formol, e diz o autor Damien Hirst que utilizou essa imagem como metáfora para revelar uma facção da arte contemporânea que, segundo ele, é frágil e efêmera como um cadáver mergulhado em formol, fazendo do seu espectador um verdadeiro otário cobrando verdadeiras fortunas por esse pensamento materializado, demonstrando também que esse comprador não entende bulhufas de arte, mas que pode ficar mais fomoso por desembolsar os milhares de seus dólares para comprar algo mais bizarro ainda, que ele mesmo poderá jogar no lixo a qualquer instante antes que tudo isso exploda em seu palacete ou até que ele morra de enfado de tanto olhar aquelas feições de morte fruto de alguém que o fez de pateta por conta da sua conta bancária. É um toma lá dá cá entre comprador e "artista" (?). Realmente toda má arte é efêmera, ela é do momento e morre juntamente com seu prazo de validade por ser perecível. Pode valer mais pelo show como uma apresentação fashion, num evento de alta moda ou de desfile de cabeleireiros onde a criatividade relacionada com a arte contém outra conotação.
E como sobrevevirão as galerias de arte ?
E são poucos os críticos que se habilitam a ir contra os valores artificiais dessa suposta arte.Continue a raciocinar comigo lendo o que se segue o que transcrevo cuja fonte retirei do link embutido na latinha da "merda de artista".
Atualmente é difícil encontrar alguém que faça críticas consistentes a arte contemporânea. Aliais é difícil encontrar quem tenha um posicionamento crítico perante qualquer coisa. Quando muito do que se lê por ai são resenhas que parecem ter sido encomendadas para não dizer compradas ou escritas por alguém que pouco entende do assunto.
Porém, ainda existem pessoas que ousam criticar (bizarro dizer isso, mas hoje criticar se tornou ousadia) a sintomática artes plásticas de hoje. Mesmo que estas poucas vozes às vezes pareçam sumir diante a parafernália midiática e espetaculosa da cultura contemporânea, elas ecoam.
Uma dessas vozes é a de Luciano Trigo – Escritor, jornalista e editor de livros com seu blog Máquina de escrever. São de grande inspiração suas análises e críticas para pensarmos o cenário artístico atual, no qual qualquer porcaria é entitulada arte e pode ser vendida por milhões de dólares. Segue abaixo dois trechos de suas análises:
consumo, entretenimento e espetáculo
“Na arte, isso se refletiu de duas maneiras: primeiro, o fim da tradição do novo , isto é, a idéia de que tudo já tinha sido feito, e que só restava citar, recombinar, copiar ou simplesmente se apropriar de recursos do passado; segundo, a capitulação do artista ao mercado e às instituições . Os próprios museus aderiram a uma dinâmica associada ao consumo, ao entretenimento e ao espetáculo: a arte se tornou uma ramificação a mais da indústria cultural, e hoje, em termos práticos, seu status no mundo é mais ou menos semelhante ao da moda, com todas as suas características (incluindo as famosas tendências ). A esfera da cultura se reduz ao lazer e entretenimento comercializável, perdendo sua função crítica.”
“Vivemos a era da reiteração . Mecanismos vorazes de repetição do mesmo, reiterado em versões cada vez mais caras, esmagam o impulso da criação, ou ao menos limitam drasticamente, sobre a aparência da diversidade, o campo da inovação artística. Hoje ele é dominado pelas variações lúdicas sobre propostas do passado, se possível com um efeito desconcertante ou irônico como o de uma gracinha: transgressões controladas, apropriações de apropriações, citações irônicas e provocações tediosas constituem hoje o vocabulário de boa parte da arte contemporânea de sucesso, isto é, da arte reconhecida pelo mercado e pelas instituições, isto é, da arte oficial.”
“Por tudo isso, não se trata aqui de contestar este ou aquele artista, esta ou aquela obra, o que seria inútil, mas de compreender o contexto e a dinâmica da produção artística contemporânea. Existem, é claro, artistas de verdade e impostores, mas para o sistema isso não faz diferença. Ou alguém realmente acredita que um coelho de alumínio de Jeff Koons (coelho no qual ele sequer encostou o dedo) pode valer (eu disse valer, não custar) mais que um quadro de Van Gogh ou uma escultura de Henry Moore?”
Outra voz crítica importante é a do escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna. Suas críticas estão nos livros Descontruir Duchamp – a arte na hora da revisão e A cegueira e o Saber. Fiquei sabendo que ele lançará um terceiro livro sobre o assunto: O enigma vazio – impasses da arte e da crítica , que coincidirá com a bienal de arte de SP que já está sendo chamada de “a bienal do vazio”.
Fonte: clique na "latinha de arte", e para ler sobre a crítica de Luciano Trigo clique na capa do seu livro na imagem abaixo.
o capitalismo destruiu o trabalho, os artistas deixaram de ser artífices para passarem a ser gestores...
Elma, não sou uma entendedora do assunto, mas sou curiosa sobre tudo o que é chamado arte. Acho realmente espantoso estas "manifestações artísticas" que visam somente chocar. Se o objetivo é despertar emoções, que elas sejam boas e agradáveis e não de revolta diante do atrevimento. Neste momento no Grand Palais em Paris, para o "Monumenta 2010" trouxeram um artista (Christian Boltanski) que encheu o saguão com cabides de roupas, que inclusive caem do teto para simbolizar o Holocausto. Sinceramente, acho um acinte se apropriar deste tema com uma obra deste estilo.
ResponderExcluirBeijos e parabéns pelo post.
cada vez mais acho que quem diz o que é ou não arte fica por conta de críticos, que "vencem" ou "convencem" o público de que tal objeto ou atitude É ARTE. Vamos no caminho inverso: se ninguém comprasse ou dissesse que era arte, certamente as latinhas voltariam para um lugar da casa do artista e este deveria guardá-las( sei lá onde). Certamente acabaria jogando-as fora... e seu gesto artístico(descabido) não seria mais um gesto artístico etc etc etc...e suas latinhas artísticas seriam só latinhas cheias de fezes do próprio....Vamos ser coerentes, esforço-me ao máximo para entender a arte contemporânea. Até o bigode na Monalisa , eu entendí o gesto, mas esse agora, preciso ler e pesquisar muito pra aceitar.
ResponderExcluirNo meu humilde entender, a verdadeira arte toca-nos a alma não importando nosso nível cultural. Freqüentemente deixa-nos boquiabertos diante da maestria ou da beleza explicitada na sua manifestação.
ResponderExcluirJá mostrei reportagens sobre as tais latinhas a um considerável número de pessoas; todas, sem exceção, dizem que isso é ridículo! Alguns acrescentam: "...pura merda mesmo!"
Creio que esse tipo de "arte" reflete tão somente um crescente vazio social... vazio mental... vazio espiritual... de valores... falta de rumo...
É triste.