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Nomeando a nova Arte

30/11/10

A nova arte


Uma vez que a arte abstrata se afastou, em maior ou menor grau, da descrição naturalista, sua própria história tornou-se complicada, assim como a história do próprio termo. Não havia nenhuma descrição ou definição facilmente aceita por todos. Surgiram muitas formas de abstração com diferentes intenções e efeitos.
A "abstração" não teve nenhum ponto de partida determinado no tempo ou no espaço, e a partir de diferentes premissas ela seguiu várias direções, suas tendências divergindo e convergindo, cruzando-se e sobrepondo-se. Os artistas abstratos aprenderam com a diversidade das artes decorativas, com a arquitetura, com as belas estruturas de matemática e da geometria, com a arte folclórica e os objetos etnográficos, com as espantosas descobertas do invisível e as estruturas recorrentes da realidade reveladas por novas tecnologias da máquina. Acima de tudo, foi a música que forneceu o modelo de uma arte puramente não representacional, com variações de estrutura formal e grande poder afetivo.
Pierre Soulages - França - (tachisme)
A "nova arte", a abstração, provou ser um meio potente para a expressão de uma grande diversidade de experiências e idéias. Os artistas abstratos criaram imagens originais que se equiparam em intensidade e força às da grande tradição da arte figurativa. A abstração não suplantou a arte representacional, mas ocupou um lugar a seu lado, descobrindo novas possibilidades de visão, mudando a maneira como as coisas são vistas e conhecidas.
A primeira exposição importante a mapear as várias tendências internacionais de uma arte que abandonava a "imitação da aparência natural" foi montada no Museum of Modern Art, de Nova York, em abril de 1936. De acordo com Alfred J. Barr, o curador da exposição e autor de seu influente catálogo Arte cubista e abstrata, a conquista a "conquista pictórica do mundo visual externo havia sido completada e refinada muitas vezes e de diferentes modos durante os últimos quinhentos anos. Os artistas mais ousados e originais se entediavam cada vez mais com a pintura de fatos". O termo "abstrato" era, escreveu ele, "usado mais frequentemente para descrever efeitos mais extremos desse impulso para longe da natureza".

A pintura dos "fatos"


Podemos sentir que sabemos o que Barr entendia por "imitação da aparência natural", mas bem poucos artistas abstratos admitiriam um "impulso para longe da natureza", na verdade, exatamente o contrário! E o que é "a pintura de fatos"? A maioria dos pintores abstratos sustentaria que era isso exatamente o que faziam: aquela cor, por exemplo, era um "fato", e as linhas, planos e texturas eram basicamente "fatos", e só quando combinados de modo particular tornavam-se outra coisa, mais difícil de descrever. Barr reconhecia que o termo "abstrato" era inexato, mas rejeitou as alternativas "não-objetivo", e "não-figurativo" com pretextos um tanto literais (se não dissimulativos): "A imagem de um quadrado é um 'objeto' ou uma 'figura' tanto quanto a imagem de um rosto ou de uma paisagem; de fato, figura é o próprio termo usado pelos geômetras para chamar de A ou B as abstrações com que lidam". É fácil ver que as figuras abstratas dos geômetras servem a um propósito muito diferente daquele dos pintores; o termo "figurativo", aplicado a pinturas, refere-se à figuração pictórica de coisas percebidas e identificadas no mundo natural. Ao tentar defender logicamente sua posição, Barr só conseguiu criar confusão terminológica. Sua grande exposição pioneira (mostra e livro em conjunto), como o título indica, incluía muito trabalho que não era ainda puramente "abstrato", mas pretendia demonstrar as rotas tomadas pela pintura rumo à abstração.
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(action painting) Jackson Pollok
Jackson Pollok - americano - (action painting)
A ideia a respeito de "abstração" e "arte abstrata" apresentava assim, desde o início, problemas de definição. Os termos rejeitados por Barr continuaram a ser usados, ao lado de outros, e não podemos fazer nada a respeito. Muitos termos são comumente identificados com circunstâncias históricas específicas:
Guilherme Apollinaire, o primeiro defensor do cubismo, inventou a expressão "pintura pura"; "suprematismo" foi o neologismo cunhado por Kasimir Malevich, em 1915, para identificar seu próprio trabalho abstrato e o de outros estreitamente ligados a ele; o "mundo-não-objetivo era o título de um livro por ele publicado em 1926; De Stijil (termo holandês para "O estilo") era o título de uma revista fundada em 1917 para promover as idéias de um grupo de artistas, arquitetos e tipógrafos com ideias semelhantes; Piet Mondrian descreveu seu próprio estilo como neoplasticismo; no início de 1930, um grupo internacional baseado em Paris se organizou em torno de uma revista anual intitulada Abstraction-Création; mais ou menos na mesma época, alguns artistas "construtivistas" tentaram, sem sucesso, substituir o adjetivo "abstrato" por seu oposto, "concreto", o crítico francês Michel Tapié inventou o termo tachisme para um tipo de pintura criado a partir de numerosos golpes pictóricos (em francês, taches); "action painting" e "expressionismo abstrato" foram termos livremente aplicados ao trabalho de pintores americanos dos mais diversos estilos e intenções; assim por diante. A maioria das histórias da arte abstrata se estruturam em torno desses desenvolvimentos e divisões estilísticos e desses termos a eles associados.

Trecho do livro ARTE ABSTRATA - Mel Gooding - [Cosac&Naify]
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